O Peso de Todo Mundo
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“Desculpa qualquer coisa
Minha culpa, minha culpa
Culpa minha de pedir perdão
Culpa de fazer sucesso
Culpa de ser um fracasso
Culpa sua
Culpa de cristão”
Tim Bernardes (2016)
As vezes, somos acometidos por um sentimento que nos traz um certo pesar na dinâmica com a realidade. Aqui, gostaria de abordar um tipo específico desse pesar: a culpa.
Algumas pessoas tem muita dificuldade de lidar com a culpa, e confesso, ainda não encontrei na literatura alguém que diga que seja fácil lidar com esse sentimento. Muito pelo contrário, as mais distintas teorias concordam que se trata de um sentimento muito difícil de lidar, e ainda, um dos grandes obstáculos para que a pessoa saia de eventuais adoecimentos emocionais, pois, para que a pessoa fique bem, naturalmente, ela terá que se submeter à adaptação de uma mudança de comportamento, onde esse sentimento pode ser um grande empecilho.
E tem como mudar sem incomodar ninguém?
É justamente aqui que reside a grande dificuldade dessas pessoas com esse perfil. Quando você muda, você consequentemente, em menor ou maior grau, vai incomodar aqueles que estão em sua volta. Claro que, em um processo terapêutico, essa mudança é construída, elaborada numa passada que possibilite que seus vínculos não sejam comprometidos de forma deliberada. E é muito comum que nesse momento de mudança e incômodo a culpa apareça com certa frequência e maior intensidade, e a psicodinâmica das relações e grupos que a pessoa está envolvida passe a sentir os impactos da necessidade de se reorganizar sobre algo que já estava muito bem acomodado. Então, aquela pessoa que se dispunha a resolver tudo para todos, de repente, para de fazer isso quando aprende que pode dizer “não” para o outro, pois o excesso de “sim” que ela se dispôs durante a vida gerou uma sobrecarga que a levou a um adoecimento; logo, as pessoas, que antes a procuravam para pedir as coisas, vão ter que se utilizar de outros recursos, muitas vezes se reinventarem para poderem dar conta de seus próprios problemas. E é claro, a maioria das pessoas não gosta de sair de sua zona de conforto, e muitas vezes procuram deixar isso bem nítido, gerando um desconforto na pessoa mudada, que é muitas vezes sentido por ela na forma de culpa.
“Por que eu fui mudar meu jeito? Agora fulano vai ficar bravo comigo” ou “olha só que confusão eu estou gerando, eu não deveria ter negado isso a fulano...” são pensamento muito recorrentes em pessoas nesse contexto. Mas calma. Se você se identifica com esse perfil, saiba que o mundo já é caótico por natureza, e que não é você quem vai organizar a existência para todos que estão ao seu redor. Nem deve. Cada um deve exercer o direito de aprender a organizar seu próprio caos antes de ajudar qualquer outra pessoa. Isso vale pra todos. Se eu me desdobro para arrumar a vida do vizinho, de certa forma, e sem que ele perceba, estou tirando a autonomia dele, suas possibilidades de crescimento, desenvolvimento e redescobertas, ao mesmo tempo que deixo minha vida parada na própria bagunça.
Então, não se sinta culpado(a) por mudar, por estimular as pessoas a se movimentarem, pois isso pode ser uma coisa muito boa que irá trazer crescimento para todos envolvidos, direta e indiretamente. E depois que perceber que não precisa levar o peso do mundo nas suas costas, vai poder viver com mais leveza e buscar suas realizações com mais fluidez. Mas antes de tudo, permita-se passar por cima dessa culpa, que apesar do tamanho e do peso, não precisa ser maior que sua própria felicidade.
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