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As Faces da Moeda


"A vingança é um prato frio Em que você pode se lambuzar É um quarto escuro Um poço fundo E você pode se afogar...

São dois lados dessa moeda Chamada 'Obsessão' Amor e ódio moram juntos Dividindo esse coração."

-Robert Frejat (2008)

Eros, deus do Amor. Thanatos, deus da Morte. Foi a partir dessas duas figuras que Sigmund Freud desenvolveu sua perspectiva a respeito dos aspectos construtivos e destrutivos do ser humano. Com o amor tudo se constrói. Amor próprio, amor ao próximo, amor sexual, fraternal, maternal e por aí vai, adentrando várias sub-categorias desse afeto. Por outro lado, a ideia de finitude acompanha e atormenta o homem, que, por vezes, cede ao lado mais obscuro e destrutivo de sua personalidade. Então o Amor, como representante da Vida, e a Destruição como representante da Morte, nada mais é do que os dois lados da mesma moeda.


O ser humano manifesta seus conteúdos inconscientes através de pulsões (como podemos ver em Os Sinais do nosso Universo ), e essas manifestações podem se mostrar de duas formas: construtivas ou destrutivas. São manifestações construtivas aquelas em que o ser humano age em prol da sua sexualidade, que é importante para a manutenção da espécie, e em prol de seu auto-cuidado, que é importante para a manutenção de sua própria vida. Já os aspectos destrutivos são aqueles que visam uma auto ou hétero destruição, muito presentes nos acessos de raiva e frustração, por exemplo. É importante notarmos que, tanto uma como outra forma, em seus extremos, são muito prejudiciais ao indivíduo, e é por isso que podemos considerar, como objetivo, um ponto de equilíbrio dentro de cada tipo de manifestação das pulsões. Aristóteles dizia que o segredo para a boa vida não se encontra nos extremos de nenhuma categoria de vivência, mas sim, num ponto de moderação existente entre os extremos. Logo, tendo em vista que nos manifestamos de forma construtiva ou destrutiva, se faz necessário a compreensão de um ponto de moderação dentro do contexto da vida de cada um, pois esse ponto varia indubitavelmente de pessoa para pessoa. Para cada cabeça, uma sentença, como diz um dito popular.


Seria muito injusto, portanto, usar o recurso da comparação como forma de relação com o mundo, já que isso pode nos levar a uma destruição simbólica de tudo aquilo que construímos em nossa história. Apesar de sempre procurarmos nos pautar numa certa "normalidade" como padrão, é importante não nos ancorarmos a esse aspecto que é imposto a todo momento pelas massas da sociedade. Nos tornarmos autônomos em nossa construção subjetiva é um passo importante para não nos tornarmos reféns de padrões que muitas vezes não damos conta de sustentar por muito tempo, seja por falta de sentido pessoal, seja por ausência de identificação. Para alimentarmos nosso desenvolvimento, devemos respeitar e entender o que pretendemos desconstruir, reconstruir ou preservar em nós. Quando o que está fora de nós se torna principal parâmetro de medida para a mudança, corremos sério risco de acabar jogando contra a nossa própria felicidade e realização. E isso tem a ver com o amor próprio, com a forma como investimos nossa atenção, tempo e energia na relação com o mundo. Tem a ver com o sentido em relação a tudo que amamos e destruímos em nossa vida.


Então, preocupe-se mais consigo mesmo, ao invés de ficar comparando sua vida com a de outras pessoas, algo muito comum de acontecer ao visitarmos as redes sociais, algo que pode levar a pessoa a colocar em cheque o sentido de sua vida ao sentir que suas vivências ou os aspectos de sua vida (profissional, social, amorosa, familiar) são inferiores ao de outras pessoas, que esbanjam sucesso em suas time lines. O fato é não sabemos como anda a vida daquela pessoa, nem os motivos de suas exposições (que pode visar também auto afirmação por conta de insegurança, por exemplo) e já nos comparamos, acessando um sentimento de inferioridade que só nos fará mal. Olhe mais para si mesmo, veja seus ganhos e méritos, e procure se comparar apenas consigo mesmo, notando assim sua própria evolução e aquilo que pode evoluir ainda mais. Isso vai te tornar mais construtivo em sua vida, e tornará mais funcionais os aspectos de auto/hétero destrutivos que podem estar te atrapalhando.


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​© 2016 por Davidson Rodrigues 



 

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