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Melodia: O Eco de Nós Mesmos


“E depois, na Alma

Dentro e no fundo da Alma

Onde houver Música

Lá eu estarei.”

- Eros Ramazzotti (1996)

Sempre escutamos algum tipo de música em certas ocasiões. Sempre sujeitos a uma infinidade de estilos musicais, procuramos muitas vezes aquela que faça nos sentir melhor, mais adequada de acordo com nossa cultura, religião, momento, companhia, evento... O que não percebemos é que, apesar de às vezes procurarmos por certos tipos de música, muitas vezes são certas músicas que acabam nos encontrando. Algumas músicas que escutamos, às vezes até “acidentalmente”, entram em nossa cabeça e ecoam insistentemente, mesmo à contra gosto, chegando até a incomodar a ponto de nos questionarmos “porque essa música não sai da minha cabeça?”


Por que será?


O compositor e renomado teórico musical Paschoale Bona, define Música como a expressão dos sentimentos mediante ao som. Ou seja, a música está diretamente ligada àquilo que sentimos, à nossa dinâmica interna, que muitas vezes não conseguimos expressar com palavras. Logo, assim como acontece com a fala e com os gestos, (vide A Linguagem dos Afetos), criamos recursos para nos expressarmos, mas dessa vez, através da imitação e reprodução de sons. Considerando o canto, as melodias surgem de uma variação que envolve a articulação da boca, palato, cordas vocais, ar, entre outros elementos. Podemos considerar que os instrumentos musicais sugiram para ampliar a gama de timbres e notas já proporcionados pela voz humana. Porém, independente da forma de manifestação da música que ouvimos, o fato é que ela tem uma só origem: os afetos. E é por isso que as vezes nos identificamos com algumas músicas, que parecem traduzir algo que sentimos; elas podem ativar certas memórias e emoções através de estímulos neurais, que nem sempre vem acompanhado de imagens, mas sempre vem carregado de afetos e sensações. Essa identificação torna-se de certa forma prazerosa, o que imagino justificar o motivo de certas músicas continuarem ecoando em nossa mente por certo período.


Tendo isso em mente, podemos compreender um pouco porque geralmente escutamos músicas dramáticas e melancólicas quando nos sentimos tristes, e porque procuramos ouvir músicas mais agitadas e animadas quando estamos alegres; isso acontece porque ocorre algum tipo de identificação afetiva entre nosso estado de espírito e aquilo que ouvimos. Logo, se estamos tristes, geralmente a vontade é de escutar músicas tristes, algo que vai alimentar esse estado aumentando ainda mais esse sentimento, e o mesmo acontece quando estamos agitados, felizes, pensativos, entre outros estados de espírito. Mas o fato é que temos uma gama de sentimentos dentro de nós, logo, podemos utilizar a música como um estímulo ativador desses sentimentos. Um exemplo de como isso funciona, seria a relação entre os filmes e suas trilhas sonoras. Existem alguns vídeos onde editaram alguns filmes de terror alterando suas trilhas sonoras para uma música mais voltada à comédia, e podemos perceber como o filme fica bem menos assustador e, por vezes, até engraçado. Percebemos aqui um exemplo de como aquilo que ouvimos pode influenciar o que sentimos e o ambiente em que estamos, podendo induzir positiva ou negativamente nosso estado de espírito.


Ouvir músicas mais positivas e alegres quando estiver triste, assim como ouvir músicas mais tranquilas quando estiver nervoso ou agitado pode auxiliar nosso dia a dia; a tendência é que ela acabe por ativar memórias e sensações ligadas à alegria ou tranquilidade, podendo ajudar a melhorar o humor e nos acalmar. A internet oferece uma grande vantagem nesse sentido, garantindo acesso à um interminável acervo musical disponível 24 horas por dia, logo, podemos utilizar isso a qualquer momento para melhorar nosso estado de espírito, principalmente porque não escolhemos a hora de ficarmos tristes. Importante ter em mente que, em caso de persistência desse rebaixamento de humor, desânimo e tristeza intensa, é sempre bom consultar um profissional. A música ajuda, mas o que resolve questões de bem-estar psicológico é superarmos algumas situações que nos remete à certos estados de espírito de forma extrema e constante, e a ajuda de um profissional nesses casos é essencial.


Enfim, a música pode ser uma forma de darmos voz e sons a alguns sentimentos que ecoam dentro de nós. Podemos aprender a ouvi-los, e criar mais sentido para aquilo que escutamos e que acreditamos nos fazer bem, e com isso refletir sobre como estamos internamente. E toda reflexão sempre nos leva a alguma mudança.


Ou pelo menos nos abre possibilidades para isso.




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​© 2016 por Davidson Rodrigues 



 

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