Pra onde foi o tempo?
“Faz tempo eu quero descansar
E ver as coisas por aí
Viver conforme o que vier
Só precisar do que eu tiver.”
- Marcelo Camelo (2014)
Vivemos hoje num mundo dinâmico, em constante e intenso movimento. Alguns dizem que o tempo está passando mais rápido do que antigamente. Não que isso realmente esteja acontecendo; os relógios continuam caminhando aos mesmos passos, porém, algumas pessoas têm a sensação de que o tempo está passando mais rápido, quando na verdade é a pessoa que não dispõe do tempo que gostaria, da forma como gostaria, para absorver o mundo que a cerca.
E por que isso acontece?
Existem alguns estudos que dizem que o mundo se expandiu muito em muito pouco tempo, e o homem ainda não se adequou a essa nova “rotina globalizada”. Antigamente, os avôs de nossos avôs contavam histórias em volta de uma fogueira, as pessoas liam romances e ficções em livros que às vezes levavam dias para se concluir; essas eram algumas formas de se ter contato com algum conteúdo cultural, e isso era absorvido aos poucos pelas pessoas. Hoje em dia, podemos ter contato com o mesmo volume de conteúdo dentro de algumas horas ao ver um filme ou uma série, por exemplo; as notícias que chegavam resumidas em algumas folhas de um certo jornal a cada 24 horas, hoje estão disponíveis a todo momento, de forma detalhada através de diversas fontes diferentes na internet; haviam jogos que se levava horas pra se concluir num tabuleiro, sem contar que se deveria aguardar que os pais autorizassem as crianças a se reunirem, muitas vezes, apenas num fim de semana; agora as pessoas conseguem acessar centenas de jogos on line ou em app’s de entretenimento a qualquer momento. Pois é. Os tempos estão mudando.
E como o homem se encaixa nesse mundo?
A resposta eu espero que você saiba. Ou pelo menos deveria ter alguma ideia de como você se posiciona no seu dia-a-dia. Como distribui seu tempo? Como aproveita sua vida? Se é que aproveita...
Mas não se sinta culpado caso não tenha essa resposta. Existe uma série de fatores envolvidos nesse tema, e um dos mais evidentes podemos dizer que vem da expressão “perda de tempo”. Ninguém quer perder tempo. Com tanta informação para se absorver de forma tão rápida, estamos criando ferramentas cada vez mais práticas para executar nossas tarefas diárias, para se comunicar, trabalhar, se entreter, entre outras coisas. Porém, ao invés de nos sentirmos aliviados pelo tempo poupado, procuramos ocupar essas lacunas com mais tarefas, ou até “atividades ociosas”. Um exemplo disso: imagine que você precise ler um livro. Em outra época, levaria horas para adquirir esse livro, por conta da locomoção, procura, filas, entre outras intercorrências. Hoje, você pode levar apenas alguns minutos para adquirir um livro on line. E o que você faz com essas horas a mais que ganhou? Provavelmente, as preenche com mais informações. Hoje em dia, dificilmente você vê alguém que não esteja utilizando algum meio de informação, onde quer que esteja. Então, se você diz que não tem tempo, pode ser que ao invés de estar realmente muito atarefado, tenha apenas se perdido no malabarismo de informações que o mundo despeja em suas mãos. Por isso, talvez seja importante se pensar como estamos nos organizando diante desse quadro, não para evitar informações, mas sim para melhor aproveitar o tempo que dispomos.
