O Poder do Amor Platônico
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"Ah! Quanto querer
Cabe em meu coração...”
– Djavan (1982)
O que é Amor? Talvez seja importante que entendamos alguma definição sobre isso. Por que amamos? O que amamos? Existem diversas discussões filosóficas sobre esse conceito, mas podemos realizar aqui uma breve reflexão utilizando as palavras de um dos mais influentes pensadores que o mundo conheceu: Platão.
Em sua obra O Banquete, onde retrata algumas reflexões sobre o Amor (em grego: Eros), que na ocasião era tratado tanto como um deus quanto um sentimento, Platão propõe através das palavras de Sócrates uma curiosa definição: Amor é Desejo. Quem ama, logo, deseja. Pode parecer uma definição simples e muito lógica. Mas agora, diante de tal definição, surge outro dilema:
O que é Desejo?
E assim, o filósofo complementa sua definição: Desejo consiste na Falta. Falta daquilo que, obviamente, não temos, e que dispomos de um grande dispêndio de energia e tempo para alcançar, seja isto um sapato novo, um relacionamento, um cargo na empresa, um veículo novo ou até o ano seguinte do colégio.
Com isso, temos o seguinte pensamento: Amamos o que desejamos, e desejamos o que não temos, aquilo que achamos que deve nos completar de alguma forma. Pois bem. Talvez a questão que ainda fique seja o que acontece quando saciamos tal desejo. Para Platão é simples: Deixamos de Amar... ou você nunca ouviu a expressão “matar o desejo de...”? Segundo o pensador, Amor é um desencontro, no qual o homem nunca deseja aquilo que já se tem; é necessário que se haja certa distância entre o ser amante e o objeto amado. O Amor se acaba ao passo que o desejo se acabe, e isso acontece por causa do enfado causado pela conquista e aquisição.
Muitos de nós vivemos hoje o Amor em sua definição Platônica, desejando sempre algo que imaginamos que nos faria completos, e somos assim bombardeados de objetos de desejo a todo o momento; basta ligar a televisão, o computador, o celular ou simplesmente olhar pela janela de sua residência. Lá, sempre haverá alguma coisa que imaginamos completar nossa felicidade ou até mesmo ser o motivo pleno desta. Mas a verdade é que ao “matar” tal desejo, outro virá lhe saltar aos olhos, e entramos assim num possível ciclo incontido de consumo, sempre almejando mais, e rodeando-se de desejos que se acumulam, mortos pela própria presença e, quase sempre, fadados ao esquecimento. O ponto que talvez seja importante se pensar consiste na crítica subjetiva do pensador: será que precisa ser assim? Será que necessitamos nos prender tanto a esse tornado incansável de consumo? Será que não podemos valorizar nossas conquistas e não apenas nos prendermos ao anseio de desejar? Não que devamos deixar de sonhar ou procurar algo que realmente possa ser o motivo de nossa felicidade, mas talvez seja importante pensar em viver o hoje antes de se viver o amanhã.
Nas palavras de Cecília Meireles:
“De tanto olhar para longe
Não vejo o que passa perto
Meu peito é puro deserto.
Subo monte, desço monte.”
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