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Aquilo que nos Falta


“Deixe o medo morrer

Deixe o sangue ferver

Deixe o mundo aceitar você

Não é um delírio;

É mais simples do que parece ser”

- Jair Naves (2015)

Desde os primórdios, o homem procura formas de lidar com a separação. Podemos, a princípio, considerar a separação mais brusca, dolorosa e indesejável que já aconteceu com todos nós: a separação do útero materno. Podemos considera que esse foi o lugar mais confortável que estivemos desde nossa concepção; sentíamos integrados através da condição trazida pela gestação, ou seja, era como se fossem as duas, uma só pessoa. Porém, ao nascermos, saímos de uma condição a qual não gostaríamos que mudasse. O contato com o mundo externo através do parto é a nossa primeira experiência como unidade, como ser autônomo e único no plano existencial. E como reagimos?


Cada um reage de uma forma.


No entanto, de forma geral, é compreensível que essa situação gere uma forte sensação de ansiedade, a qual deve ser acolhida através da maternagem, até que o indivíduo cresça e desenvolva sua independência em relação à sua forma de lidar com o mundo ao seu redor.


Acontece que o ser humano sempre procura uma forma de voltar a se sentir integrado ao mundo novamente; é a busca por uma sensação de pertencimento, e isso o leva à suas várias práticas culturais, que pode envolver desde relacionamentos conjugais, até time de futebol, partido político e afins. O fato é que para o homem, é insuportável o fato dele saber que é um ser único e independente no mundo, conhecedor de seu passado e passível à sua finitude. Isso o envolve numa constante (e muitas vezes desesperada) busca de sentido em seu convívio social, submetendo-se muitas vezes a algo contra sua vontade para não se sentir solitário, à margem de uma sociedade que corre num ritmo síncope, formada por tantos outros indivíduos que procuram, igualmente, um sentido na experiência do convívio coletivo.


E entre tantas coisas, temos algo chamado Redes Sociais.


Por que será que isso é tão tentador para algumas pessoas? Ficamos horas e horas durante o dia, onde quer que estejamos, vidrados numa tela, interagindo em rede? Na verdade, podemos considerar que estejamos fazendo exatamente isso: criando sentido para o convívio social, participando de comunidades onde outras pessoas trocam afinidades que acontecem por diversas formas de identificação. As relações no plano físico, apesar de mais ricas e sólidas, oferecem certas limitações à curto prazo. Porém, a interação em rede, possibilita uma sensação de pertencimento ao mundo muito maior em possibilidades à um curto prazo, e isso pode fazer com que o ser humano incline-se ao uso desse artifício com uma freqüência cada vez maior, chegando muitas vezes a se limitar somente à esse tipo de interação, e com isso vemos acontecer as mais diversas cenas no filme da vida real, desde panelas queimando, até crianças vítimas de descuido; então curtimos, opinamos expressando nossa indignação, e vamos para o próximo post, muitas vezes sem nada fazer a respeito.


A intenção é que possamos refletir sobre o que fazer sobre essa lacuna que nos consome, exigindo um posicionamento na realidade. O caminho virtual é uma forma, mas pode gerar sérias conseqüências a longo prazo, se trilhado de forma desequilibrada. Conhecer-se é primordial para que se possa traçar o seu caminho para a sua felicidade, encontrar seu lugar ao sol, ao invés de se deixar levar por uma onda, sem saber ao certo a que mares está sendo levado. E quando caímos em si, já passou um dia, uma semana, um mês, um ano... e continuamos a nos limitar à nossas ilhas, apenas trocando cartas com uma realidade tão presente e tão distante... E o que você fez? O que você sabe sobre você e sua felicidade? Não subestime sua habilidade em explorar seu mundo. Tempo é precioso.


A vida também.



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​© 2016 por Davidson Rodrigues 



 

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