A Era dos Cabeças-Baixas
"Ninguém sabe como serão os filhos deste casamento Indústria da informação + Indústria do entretenimento." - Humberto Gessinger (2003)
Hoje em dia é comum vê-los nas ruas. Nos shoppings, nas praças e nos parques. Nas escolas e nas igrejas. Estão em todos os lugares. Esses indivíduos estão, na maior parte do tempo, tão entretidos em seus aparelhos, com as cabeças baixas e seus fones de ouvido, que se esquecem do convívio social a qual estão inseridos.
Será?
A chegada da globalização, junto a uma explosão tecnológica a qual temos sido impactados de forma constante, resultou numa combinação paradoxal, que consiste numa grande aproximação dos indivíduos através dos meios virtuais, assim como seu grande afastamento por meios reais (físicos). É através da tecnologia que realizamos nossos afazeres do dia-a-dia, nos informamos sobre o mundo ao nosso redor, nos relacionamos com pessoas distantes e próximas, trabalhamos, pagamos nossas contas, nos entretemos, entre outras tantas coisas que ela nos proporciona, inclusive referente a tratamentos e cuidados com a saúde. Talvez, deste ponto, a vemos com bons olhos. Claro. Ela nos é muito útil!
No entanto, talvez seja importante analisarmos onde se estabelece o limite de usar e ser usado. Você consome a tecnologia ou a tecnologia te consome?
Estudos mostram como as relações do homem com o mundo se tornaram líquidas, voláteis, no mundo pós-moderno. Há alguns anos atrás tudo era mais concreto e delineado; as estruturas familiares, os gêneros, a política, a religião… porém, com o desenvolvimento da sociedade nessas várias esferas, o homem parece ter encontrado mais incertezas do que verdades, pois são tantas informações nesse mundo globalizado, que a verdade do homem se torna líquida, escorrendo entre seus dedos, ao mesmo tempo em que ele tenta se agarrar a outras verdades, igualmente em mutação. O mesmo se pode dizer das relações tão voláteis que o homem estabeleceu nesse mundo pós-moderno; conhecer pessoas nunca foi tão fácil, porém, se aproximar de pessoas nunca foi tão difícil! E com isso os amores criam prazos, as famílias criam muros invisíveis durante seus almoços, e festas entre amigos só acontecem se houver um bom registro, afirmando sua felicidade. E assim, a humanidade já em estado líquido começa a se evaporar ao calor da globalização. Por isso é importante sabermos articular o conhecimento com a vida prática, pois através do (auto) conhecimento, podemos medir nossos passos entre o uso e o abuso, fortalecer nossos laços, e com isso evitar fenômenos de alienação em massa. De acordo com Balman (1999), renomado sociólogo, uma loucura compartilhada socialmente deixa de ser loucura; a questão seria se precisamos de certas insanidades, e a troco de que?
E então? Já conhece seus limites entre utilizar a tecnologia facilitadora da vida humana, ou entregar-se a um condicionamento tecnológico?